sexta-feira, setembro 14, 2007

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Sorris como um miúdo de 5 ou 6 anos que acaba de descobrir que hoje tem direito a uma caneca extra de leite com chocolate. Sorris com os lábios e com os olhos. E com todo o teu corpo. Digo-te então que és um miúdo. Que és um putozito. Entendes isto como uma ofensa ou algo semelhante. Enganas-te. Quando digo que és um miúdo refiro-me ao teu modo de sorrir, João. À forma descontraída como vês o mundo. Ao modo como não consegues compreender o que eu sinto. Como me dizes que torno as coisas difíceis. Constrangedoras. E, talvez por não ser miúda como tu, por não saber sorrir com os lábios e os olhos e a alma e o corpo todo, não consigo perceber o que me dizes. Não percebo se me pedes para me afastar. Ou talvez apenas não queira perceber. Como não quero perceber que não vai resultar. Apesar de já o ter percebido há muito. Muito antes de mo dizeres. Com o olhar. Porque nunca mo disseste com os lábios. Penso que tens medo de me magoar. Também eu tenho medo de me magoar, sabes, João? Tenho medo que isto que existe entre nós desapareça. Que este fio invisível que nos liga, este fio invisível que me permite estar contigo sem te abraçar, sem te pedir que deixes tudo e venhas comigo, passear à chuva, correr a cidade até ser noite e termos toda a gente preocupada à nossa procura, se quebre. E eu te perca. A ti, amigo. E sei que nessa altura não me iria conseguir perdoar. Porque sei que há poucas pessoas como tu. Encontrei até hoje, nestes 17 anos de vida, apenas duas ou três pessoas assim. Fazendo as contas concluo que na vida toda encontrarei pouco mais de duas dezenas de pessoas como tu. O que é isso comparado com as centenas ou milhares de pessoas que conheces em toda a vida? Não te quero perder, João. Não quero quebrar o fiozinho invisível que nos une. Não o posso quebrar. Por isso, João, preciso que me digas o que devo fazer. Como amigo. Preciso que me digas o que devo fazer. Que me digas para desistir, se for caso disso. Para te esquecer, se achares que tudo isto põe em causa a nossa amizade. Mas se não achares, deixa-me continuar a gostar de ti como gosto. Deixa-me continuar a abraçar-te de vez em quando. A ficar estupidamente feliz por estar contigo e estupidamente triste por ter de te deixar. Se achares que a nossa amizade sobrevive a isso tudo, deixa-me ficar assim. Até eu não conseguir mais. Até me fartar de sentir e resolver pensar outra vez. Até voltar a pensar que estar apaixonado é estúpido e que quem se apaixona são os fracos. Até me cansar de pensar em ti antes de adormecer e ao acordar. Até gastar todas as palavras que tenho no coração. E voltar a usar as que tenho na cabeça.



(Para um João que sorri com os lábios, os olhos, a alma e o corpo todo.)


Editado em 17 de Setembro de 2007

E é assim que, sete dias antes de completar dois anos, o dreaming in sepia acaba. Foram dois anos longos, com momentos para recordar e outros para esquecer. Não faz mais sentido continuar por cá: o dreaming está (quase) ao abandono e agora com o início das aulas as coisas complicam-se. Não tenho também tido tempo para ler todos os blogs que me acompanharam durante este tempo. Digo por isso que não tenciono mudar de casa, mas sim abandonar de vez a 'blogosfera'. Se um dia eu voltar, digo por onde ando. Até lá, as maiores felicidades.*

Menina Sépia.

quinta-feira, setembro 13, 2007

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(agora) é preciso pensar mais do que sentir.






e eu não sei se ainda sei pensar.

terça-feira, setembro 11, 2007

"Sempre acreditei que andar de mão dada é um dos gestos mais íntimos que pode existir entre um homem e uma mulher. Habituei-me a andar de mão dada com o meu pai quando era criança (...). Caminhar ao lado de alguém de mão dada é das melhores sensações do mundo, não achas? É um gesto tão inevitável e natural que se torna impossível de fabricar. Tal como os abraços, não há abraços inventados; ou se dão com todo o corpo e de coração aberto, ou então morrem antes dos braços se abrirem. Porque as mãos dadas e os abraços são manifestações de afecto puro e fraternal, são sinais inequívocos de amizade e a amizade é um sentimento muito mais honesto do que o amor ou a paixão."

Margarida Rebelo Pinto em Diário da Tua Ausência




[Normalmente não gosto do estilo de escrita de Margarida Rebelo Pinto. Mas desta vez o livro foi-me recomendado e emprestado por uma amiga. Obrigada, Pipa.]*

segunda-feira, setembro 10, 2007

Estrela Polar - Vergílio Ferreira

'É exactamente porque não há solidão que dizes que solidão. Imagina que eras o único homem no universo. Imagina que nascias de uma árvore, ou antes, porque eu quero pôr a hipótese de que não há árvores, nem astros, nem nada com que te confrontes: supõe que o universo é só o vazio e que tu nascias no meio desse vazio, sem nada para te confrontares. Como dizeres «eu estou sozinho»? Para pensares em «eu» e em «sozinho» tinhas de pensar em «tu» e em «companhia». Só há solidão «porque» vivemos com os outros...'

Vergílio Ferreira, in Estrela Polar



[Apaixonei-me pela sua escrita. 'Aparição', 'Pensar', 'Escrever' e 'Contos'. Ninguém me quer oferecer mais um? ^^]

sexta-feira, agosto 17, 2007

Pride & Prejudice


"It taught me to hope, as I had scarcely ever allowed myself to hope before."

(Jane Austen, Pride and Prejudice)







(Até para a semana.*)

terça-feira, agosto 07, 2007

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não desistas. desistir é morrer.

segunda-feira, julho 23, 2007

gosto de ti, sabes? (suspira.)