sexta-feira, agosto 11, 2006

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Encostei os joelhos ao peito, sustive a respiração e deixei-me estar assim, no escuro. O silêncio era ensurdecedor. Gritava-me ao ouvido colcheias, semínimas, mínimas de sofrimento. De dor. Só queria morrer. Aos poucos e poucos deixei entrar o nada. O vazio. Apoderou-se de mim. Cá dentro soltou-se um grito, mudo, de desespero. Doía-me a garganta de berrar. Por solidão. Pedia solidão como quem pede pão para comer. Precisava dela. Sôfregamente. Desesperadamente. Doía-me o rosto. As gotas de chuva percorriam-no e queimavam-no, qual ácido. E doía-me o peito. Uma dor aguda, forte. O coração contraía, contraía, contraía. Até ficar pó. Até ser muito pouco. Ou nada o que é quase a mesma coisa. "É isto, morrer?"